SOBRE QUÃO ABSTRATO É O CONCEITO DE ENERGIA E OUTROS CONCEITOS SOB O PONTO DE VISTA DA FÍSICA MODERNA

O mundo segue comportando-se como se tivesse uma existência independente. Somente quando fenômenos quânticos são testados é que esta impressão parece insustentável. No trabalho prático dos físicos, muitos deles continuam pensando sobre o micromundo à maneira do senso comum das coisas.

A razão para isto é que muitos dos conceitos matemáticos puramente abstratos empregados (como, por exemplo, o das tais ondas de probabilidades) se tornam tão familiares que assumem um "ar espúrio" de realidade por próprio direito. Isto acontece também na Física Clássica. Consideremos o conceito de energia.

A energia é uma quantidade puramente abstrata, que se introduz na Física como um modelo útil com o qual podemos abreviar os cálculos complexos. A energia não se pode ver nem tocar, entretanto, a palavra é agora tão cotidiana que a gente considera a energia como uma entidade palpável com uma existência própria. Na realidade, a energia é meramente uma parte DE UM CONJUNTO DE RELAÇÕES MATEMÁTICAS que conectam de um modo simples as observações de processos mecânicos. O que sugere a Filosofia do físico Niels Bohr (1885-1962) na sua interpretação da mecânica quântica que ficou conhecida como "interpretação de Compenhage" é que palavras como elétron, fóton ou átomo devem ser consideradas do mesmo modo - como modelos úteis que consolidam na nossa imaginação o que realmente é só um conjunto de relações matemáticas que conectam várias observações.

Outra coisa é o que se sabe hoje sobre o conceito de massa. O simples fato, por exemplo, de um corpo possuir massa faz com que ele possua energia.

A energia de repouso inclui todas as formas de energia que um corpo em repouso pode ter. E, independentemente de sua estrutura interna, toda a energia de repouso que ele armazena constribui diretamente para a sua massa.

A massa expressaria portanto todas as formas de energia guardadas internamente por um corpo.

Antes da teoria da relatividade acreditava-se na conservação da massa. Depois da equação de Einstein (E=mc²), percebeu-se a possibilidade de que, em reações mais violentas, poderia não ocorrer a conservação da massa, sendo, porém, preservadas a conservação da energia.